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    • Fogo da Misericórdia, Coração da Palavra: Meditações sobre o Evangelho Segundo São Mateus (Volume 2)
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Fire Of Mercy Vol. 2 Heart of the Word

33. PRECURSOS

A Vinda de Elias (17:9-13)

17:9 μηδενὶ εἴπητε τὸ ὅϱαμα

não conte a ninguém a visão

MATEUS NOTA CUIDADOSAMENTE a importância simbólica da anábase e da catábase no mistério de Cristo, isto é, de subir ao monte para a visão da glória de Jesus (17:1) e depois de descer daquele monte em direção à revelação do necessidade da Paixão. Quando Jesus primeiro conduz os apóstolos à visão de uma luz ofuscante, diz-se que ele os “carrega” para cima facilmente, assim como se diz que Deus sustenta Israel como nas asas de uma águia (Dt 32:11); e como Jesus agora os conduz à aceitação da Paixão, ele deve “ordená-los” a não falarem do que viram. O que une a visão gloriosa das alturas com o sofrimento necessário das profundezas é somente a pessoa de Jesus: “Quando levantaram os olhos, não viram ninguém, senão apenas Jesus” (17,8). E Jesus deve impor-lhes silêncio, silêncio sobre a visão da glória, porque apenas os seus íntimos estão em condições de compreender a unidade da glória e do sofrimento.

Uma visão de glória sem subseqüente imersão no sofrimento seria um truque barato de magia ou uma ilusão psicológica; e sofrer à mercê das mãos dos homens, sem a esperança certa de glória, mergulharia qualquer mortal no desespero. Passo a passo, Jesus está ensinando aos seus seguidores que mesmo um Deus encarnado deve solidarizar-se com Elias perseguido por Jezabel (1 Reis 19:2), com João Batista martirizado por Herodes, Herodias e seus convidados, e com todos “profetas”, oficiais ou não, que dão testemunho da verdade oferecendo a sua carne à violência dos homens.

Radiantes com a visão da glória brilhando no rosto de Jesus, os apóstolos devem agora descer a montanha com Jesus para o seu vale comum de lágrimas. Esta visão não fará sentido, diz Jesus, até que o Filho do homem ressuscite dos mortos. Somente a lógica divina pode inverter desta maneira enlouquecedora a ordem da vida e da morte. A glória fugitiva agora, enterrada no fundo do coração através da ferida do amor, promete uma glória inalienável no final. Mas a passagem que vai de um ao outro é estreita, escura e silenciosa, como o canal do parto uterino. E não só no esquema total do Evangelho a Transfiguração precede a Paixão, que por sua vez precede a Ressurreição: mesmo dentro da nossa perícope muito curta, o posicionamento da glória e do sofrimento traz uma consolação surpreendente. Jesus primeiro ordena aos apóstolos que guardem a visão da glória no fundo do silêncio de seus corações até que ele ressuscite dos mortos; e só depois de confortar os seus corações com esta injunção a um silêncio carregado de esperança é que Jesus finalmente menciona a necessidade inexorável do sofrimento, o seu sofrimento.

O Senhor nunca conduz seus seguidores em terrenos acidentados sem que Ele mesmo assuma a liderança e enfrente sozinho as trevas. Seu sofrimento sempre pretende personalizar o nosso. Cristo remove o horror do anonimato e da solidão do nosso sofrimento, tomando-o nas suas mãos antes mesmo de começar e imprimindo-lhe as marcas e a tensão do seu terno cuidado. 'Dê-me o seu sofrimento antes mesmo de sofrê-lo! Quero torná-lo meu, suportar sua agonia mais profunda em meu próprio Coração, que é amplo o suficiente para conter as tristezas de todos. Dessa forma, quando você entrar na escuridão da sua própria solidão, você me encontrará lá já esperando que você se junte a mim. Seu sofrimento será meu sofrimento antes mesmo de se tornar seu, e assim você nunca estará sozinho.'

Se o Filho do homem deve sofrer muitas coisas nas mãos dos homens, é apenas porque deseja aliviá-los, fazendo com que todos os seus pecados e os seus resultados passem para si mesmo.

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