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13:30a ἄϕετε συναυξάνεσθαι ἀμϕότεϱα
ἕως τοῦ θεϱισμοῦ
deixe os dois crescerem juntos até a colheita
O MESTRE, POR CONTRASTE, reage com prudência e paciência diante do mal. Enquanto os servos fanáticos querem destruir em nome da purificação, o Senhor sábio quer preservar, em nome da vida. Seu objetivo final é economizar o máximo possível para a colheita. O facto de haver desarmonia, viciação no campo da Igreja e do mundo é evidente para todos, mas só o Senhor do campo e da colheita pode ver além do confuso estado atual das coisas. Os discípulos estão prontos a tomar a purgação (e, portanto, o julgamento de Deus) em suas próprias mãos. Mas só por ordem explícita de Deus poderão eles intervir radicalmente no cenário do mundo, quando e como ele ordenar. Até o tempo da colheita no final dos tempos, é sua função pregar o evangelho do arrependimento, tanto para si mesmos como para o mundo. As ordens explícitas de Jesus para eles não têm nada a ver com julgar e purificar. Muito pelo contrário, as suas últimas palavras para eles seriam: “Ide e fazei discípulos de todas as nações” (2 8:19a).
E quem sabe se os servos identificaram corretamente o trigo e o joio? Afinal, foram os servos e não o próprio patrão que saíram para detectar ervas daninhas. Diz -se que a erva daninha aqui envolvida, a zizania, também conhecida como lolium ou “joio”, se assemelha ao trigo nas suas fases iniciais de crescimento. Portanto, é preciso tomar muito cuidado para não destruir o trigo por julgá-lo erroneamente como joio. Esta semelhança precoce entre os dois também explica a insistência do mestre em permitir a passagem do tempo, pois só a maturidade do crescimento revela a identidade de cada um sem qualquer dúvida. E, mesmo que as ervas daninhas sejam corretamente identificadas, ainda permanece o problema das raízes entrelaçadas. Arranque as ervas daninhas e você corre o risco de arrancar também o trigo. Mas uma vez atingida a maturidade e o fruto produzido, é seguro separar o joio do trigo.
O problema teológico central colocado pela explicação da parábola feita por Jesus é a questão da predestinação. Uma leitura simplista do texto poderia concluir que alguns homens são “geneticamente” predestinados à salvação e outros à condenação. A explicação distingue tão absolutamente entre trigo e joio, cada um com sua própria “paternidade” separada, que não parece haver espaço para arrependimento e conversão. No entanto, se excluirmos a possibilidade de conversão por uma interpretação demasiado literal do texto, enfrentaremos o absurdo teológico de uma parábola dentro do Evangelho que apresenta uma visão cristã do mundo em que a própria essência do Evangelho, metanoia (“Arrependam - se , porque o reino dos céus está próximo!”, como proclamam João Batista e Jesus, 3:2; 4:17), é uma impossibilidade. Por outras palavras, tal leitura da parábola faria de nós precisamente aqueles servos imprudentes cuja atitude o seu senhor corrige. Certamente o tempo que decorrerá antes da colheita provocará não apenas a plena maturação do trigo, mas também o crescimento da sabedoria dos servos.
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