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14:22-23a ἠνάγϰασεν τοὺς μαθητὰς
ἐμβῆναι εἰς τὸ πλοῖον . . .
ϰαὶ ἀπολύσας τοὺς ὄχλους ἀνέβη εἰς
τὸ ὄϱος ϰατ᾽ ἰδίαν πϱοσεύξασθαι
ele obrigou os discípulos a entrar
no barco. . . ele despediu as multidões
e subiu
sozinho ao monte para orar
A CONCLUSÃO DESTE episódio, que também é uma transição para a cena de Jesus andando sobre as águas, mostra Jesus despedindo seus discípulos e as multidões para voltar à solidão e orar. A mesma ênfase no distanciamento deliberado surge antes e depois do milagre. É como se a sua busca pela solidão em 14:13 (“retirou-se para um lugar solitário”) tivesse sido interrompida pela carência da multidão e agora fosse retomada. A alimentação da multidão aparece, então, como fruto do desejo de Jesus de oração solitária com seu Pai.
A passagem, na sua totalidade, revela dois aspectos fundamentais da pessoa de Jesus, aspectos inseparáveis um do outro. A primeira é a sua missão intransigente de fazer o bem, de curar, de alimentar, de exercer compaixão. Quando as multidões saem das cidades para segui-lo, Jesus retribui o gesto saindo do barco para encontrá-las. O outro aspecto é a revelação de que o elemento natural de Jesus é Deus, que tanto a sua origem como os seus hábitos de corpo e alma apontam na direção de seu Pai. Jesus aqui prefere a subida difícil e a dureza da montanha à facilidade e ao companheirismo com seus discípulos no barco.
A perícope é pontuada no início, no meio e no fim por esta orientação: começa no deserto (14:13); culmina no olhar para o céu (14,19) de alguém que olha para a sua pátria; e termina com um regresso àquela solidão nativa, que é realçada por indicações detalhadas: afastamento deliberado da companhia humana, subida a uma montanha, intenção de rezar como única actividade, tranquilidade da noite. Aqui vemos toda a compaixão e ações salvadoras de Jesus originadas e continuamente enraizadas em sua vida divina no reino eterno da Trindade.
A explicação mais circunstancial para a retirada de Jesus após o milagre pode ser o seu desejo de evitar um falso entusiasmo messiânico que levaria as multidões a declará-lo rei. No entanto, o significado mais profundo desta passagem é a revelação de que, na pessoa e na vida de Jesus, a eternidade e o tempo verdadeiramente se cruzam e coexistem em perfeita harmonia. Sendo um homem na terra, cuja verdadeira “cidadania está no céu” (Fl 3,20), isto é, ao lado do Pai e “no seio do Pai” (Jo 1,18), Jesus fez descer o céu à terra e já fez chegar o Reino de Deus, sendo esta a tarefa específica do Messias.
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